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sábado, 10 de setembro de 2011


A música é a maior brincadeira



O pequeno Alejandro Marchotti tem aula de música duas vezes por semana, sozinho e com crianças de sua mesma faixa etária (foto Sara Maia)

Um piano Fritz Dobbert sob dezenas de lápis de cor. Na regência musical, alguém em processo de alfabetização escolar vai facilmente decifrando as pautas de sua partitura e juntando notas musicais. Foi aos seis anos que Alejandro Marchotti virou para sua mãe e disse que queria aprender música – tornar-se um pianista. Após seis meses de aula, foi a vez de seu irmão, João Pedro, sete, de se voltar a mãe e dizer que queria aulas também – de violão. Os jovens irmãos Marchotti são apenas duas das crianças a usufruirem do ensino musical e, para isso, têm aulas da Escola Viva Música Viva, que oferta turmas para aspirantes de músicos a partir dos três anos.



A maioria das escolas de música cearenses segue um modelo parecido; a partir dos três anos, a criança pode começar as aulas – devagar ainda, de forma lúdica e com uma introdução a musicalização. A partir dos seis anos, com a alfabetização nas escolas, elas começam a desenvolver atividades com instrumentos percussivos, com a flauta doce e o piano – focando mais em ritmo, melodia e harmonia. Aos oito anos, chega a hora da decisão do instrumento e as aulas específicas; isso sem nunca parar com as aulas teóricas de musicalização. “A forma tem sempre de ser bem lúdica. A gente chama parte das aulas de ‘teoria’, mas na verdade é bem prática para que a criança não disperse”, explica Lia Venturieri, coordenadora musical da Viva Música Viva.



Obrigatoriedade



Para além da experiência em uma das diversas escolas de música de Fortaleza, o ensino musical passa por uma ampliação nas classes fundamentais. A Lei n° 11769, publicada no dia 18 de agosto de 2008, dita a obrigatoriedade do ensino de música em escolas fundamentais brasileiras. Tendo prazo de adequação de três anos desde a publicação, todas as instituições de ensino do País deveriam ter se adequado às diretrizes até o mês passado. Para o professor do curso de licenciatura em Música da Universidade Federal do Ceará (UFC), Gerardo Viana Júnior, “o objetivo não é profissionalizar, ensinar a criança a ler partitura e tocar um instrumento, mas formar a pessoa – desenvolver a sensibilidade”.



Mesmo quem seguiu outras carreiras, ainda veem a carga positiva acumulada pela experiência musical a vida toda. É o caso de Fernando Bezerra, 51, que trabalha no treinamento de funcionários numa indústria automobilística. Tendo estudado no Conservatório, ele aponta a ampliação do seu campo de visão e o aumento da capacidade de sociabilização como os fatores mais fortes da sua formação musical a serem usados no seu trabalho. “A música tem esse dom para todo mundo, ela organiza o raciocínio – é matemática pura”, diz.


Já Cainã Cavalcante tem um início de história parecida. Vindo de família artística (o pai é artista plástico), ele demonstrou interesse pela música desde cedo, retocando esse afã com o curso do Conservatório e depois na graduação específica da Universidade Estadual do Ceará (Uece). A diferença é que, aos 21 anos, Cainã já soma 12 anos de carreira profissional. “A música que me escolheu, eu não tinha como fugir dela. Por conta disso, me vejo como alguém capaz de enxergar outras coisas no sentido da sensibilidade, do convívio em grupo”, define o artista, hoje um multi-instrumentista disputado e defensor da música popular cearense.

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